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Foto: https://www.elnacional.com 

YANUVA LEON 
  VENEZUELA

 

Yanuva León, escritora, editora e revisora literária.
Graduada em Letras pela Universidade Central da Venezuela.
Autora das coleções de poemas Como dizer cântaro (2014), Desviada para sempre (2019) e Colégio de moças (2023): os dois primeiros publicados pela editora Senzala (Venezuela) e o mais recente pela Editora Dogma (México).
No campo da literatura infantil, é autora de seis livros também editados no México e de uma saga de doze na Turquia.

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  -  TEXTOS EM PORTUGUÊS


AMANECIERON DE BALA - Panorama actual de la joven poesía venezolana. Antología. Compiladores: Dannybal Reyes, Ricardo Zerpa Salazar, Yanuva León. Caracas: Fundación Editorial El Perro y la Rana, 2007.  ISBN  978 9803 968328

                                     Exemplar biblioteca de ANTONIO MIRANDA

 

La hora

Alzó las manos
imploró
bajó la mirada hasta el infierno
lavó la herida con cal y arena
arrestó su corazón
lo amarró a una silla
quiso ver rodar una lágrima
no pudo
asfixió delirios y promesas
calló sus gritos de hormigón
venció contra nadie
levantó sus cabellos caídos
se atrevió a besarlos
apretó los labios
murmuró un silencio frenético
recordó su tiempo
cerró los ojos y volvió a vivirlo
encontró los niños muertos
las madres mutiladas
el dolor de una tierra tan lejos ya de él
la voz absurda de su garganta
el fuego de sus juguetes
invocó su norte
sus franquicias
sus planes de César sin cultura
pero no
ya no había nada
quiso arrepentirse entonces
el perdón no le fue concedido.


Esto que nace

Esto que nace ya está viejo
huele a niño envejecido
lanza los dados en las copas
camina con las manos y los pies
toca las puertas y se esconde
no es un dios pero está en todos los rincones
me señala y conocí mis temores
es un vacío perpetuo que crece
que mancha lo posible
esto que nace huele a desperdicio
tiene alas de ángel muerto
y con ellas vuela
construye pergaminos de códigos absurdos
le quita caramelos a los niños
pinta muecas en las sonrisas
arrastra cadenas por las noches
vierte sal en el café
esto que nace es más que guerra
es un grito agudo, sostenido
el hombre comiéndose las manos
terminando de pisar
lo que tanto le costó construir
es el fin del sueño.

 

                         a Miguel Ángel Asturias

 
Y YA no hay santo, Dios
ni tú estás más en la boca del caído
del fiel atrás del pan
sin él

se perdió en vuelo negro
el bendito nombre que te hicieron las mesas de lujo

donde estás pobre pie de sandalias
resucitador de hombres
multiplicador de peces

cuánta nostalgia en tu pupila desaparecida
ni el fuego rojo en la llaga hereje quiere dejar cicatriz

vuelve sólo el hechizo de mis almas vegetales
mis gigantes calcáreos
el maíz en hoja seca de Diablo Grande
el de Asturias con su humo sagrado

qué poco tu reino en mi tierra
qué enana y fácil de superar tu cuesta

ni olivos ni montes
el mar bravío en mis playas
te desnombra

los vuelve a vibrar el canto y el embrujo en las semillas
en las manos
en la piel

ese libro tuyo              papel-mentira

quedó para azuzar la llama
en los ojos de este cosmos
que por fin se desviste
de tu miseria

sepulcro roído.

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de ANTONIO MIRANDA

 

 

A hora

Alçou as mãos
implorou
desceu a mirada até o inferno
lavou a ferida com cal e areia
arrestou seu coração
amarrou-o a uma cadeira
quiz ver rodar uma lágrima
no pode
asfixiou delírios e promessas
calou seus gritos de concreto
venceu contra ninguém    
levantou seus cabelos caídos
atreveu-se a beijá-los
apertou os lábios
murmurou um silêncio frenético
recordou seu tempo
fechou os olhos e voltou a vive-los
encontrou os meninos mortos
as mães mutiladas
a dor de uma terra já tão longe dele
a voz absurda de sua garganta
o fogo de seus brinquedos
invocou seu norte
suas franquias
seus planos de César sem cultura
mas não
já não havia nada
quis arrepender-se então
o perdão não lhe foi concedido.


Isto que nasce

Isto que nasce já está velho
cheira a menino envelhecido
lança os dados nos copos
caminha com as mãos e os pés
toca as portas e se esconde
não é um deus mas está em todos os lugares
me assinala e conheci meus temores
é um vazio perpétuo que cresce
que mancha o possível
isto que nasce cheira a desperdiço
tem asas de anjo morto
e com elas voa
constrói pergaminhos de códigos absurdos
quita-lhe caramelos das crianças
pinta caretas nos sorrisos
arrasta correntes pelas noites
verte sal no café
isto que nasce é mais do que guerra
é um grito agudo, sustentado
o homem comendo-se as mãos
terminando de pisar
o que tanto lhe custou construir
es el fin del sueño.
 

 

                         a Miguel Ángel Asturias

 
E já não existe santo, Deus
nem tú estás mais na boca do caído
do fiel atrás do pão
sem êle


se perdeu em voo negro
o bendito nome que te deram as de luxo

onde estás pobre pé de sandálias
ressuscitador de homens
multiplicador de peixes

quanta nostalgia em tua pupila desaparecida
nem o fogo rubro na chaga herege quer dejixr cicatriz

volta só o feitiço de minhas almas vegetais
meus gigantes calcáreos
o milho em folha seca de Diabo Grande
o de Asturias com sua fumaça sagrada

que poco o teu reino em minha terra
qué encolhe e fácil de superar tua costa

nem oliveiras em montes
o mar bravio em minhas praias
te nomeia

volta a vibrar o canto e  o feitiço nas sementes
nas manos
na pele

esse teu livro              papel-mentira

ficou para agitar a chama
nos olhos deste cosmos
que finalmente se desveste
de tua miseria

sepulcro roído.

 

*
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Página publicada em setembro de 2024


 

 

 
 
 
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